Siderúrgicas já produzem no patamar pré-pandemia
Com a forte retomada da demanda, a queda na produção estimada para 2020 foi reduzida de 18,8%, previsto em abril, para 6,4% quando comparado com 2019. Ao todo, o volume estimado é de 30,4 milhões de toneladas de aço a serem produzidas em 2020.
O presidente executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, explicou que 2020 iniciou com boas expectativas para a economia brasileira e para o setor. Porém, com a pandemia de Covid-19, houve forte queda de consumo e a indústria brasileira do aço teve que desligar altos-fornos e paralisar outras unidades de produção, chegando a operar com apenas 45% de sua capacidade instalada.
Ao contrário do que se esperava, a retomada da atividade econômica vem sendo mais rápida do que o previsto. Já nos primeiros sinais de aumento da demanda por aço, o setor começou a reativar sua produção, para atender rapidamente o retorno dos pedidos. Hoje, a utilização da capacidade é a mesma de janeiro deste ano 63%, de uma capacidade instalada total de 51,5 milhões de toneladas ao ano. O percentual deve subir para perto de 70% até o final do ano.
“Começamos o ano com uma estimativa de retomada forte, com possibilidade de aumentar as operações. Mas, em março, com a pandemia e os efeitos gerados, enfrentamos uma gravíssima crise de demanda, com período mais agudo sendo sentido em abril. Por conta das medidas rápidas tomadas pelo governo – como a facilitação do acesso ao crédito, medidas para manutenção dos empregos e o pagamento do auxílio emergencial, por exemplo – tivemos uma vigorosa e rápida recuperação. Desde maio, mês a mês, estamos registrando resultados melhores. A recuperação é fantástica e voltamos a operar com a mesma capacidade do início do ano”, explicou Mello Lopes.
Vendas – A demanda pelo aço vem crescendo rapidamente e será possível recuperar parte das perdas geradas nos principais meses de crise. Conforme os dados divulgados, as vendas internas estão reagindo bem. Em abril, a previsão era encerrar este ano com queda de 17,9% na comercialização, índice que foi reduzido para uma retração de 3,1% quando comparado com 2019. A estimativa é que o mercado local consumo cerca de 18,2 milhões de toneladas em 2020.
Em relação às exportações, a tendência é encerrar o ano com volume 10,7% menor, somando 11,4 milhões de toneladas. Em abril, a estimativa era de uma queda em torno de 19,2% no ano. Os embarques devem movimentar US$ 5,58 milhões, queda de 23,7%.
SEIS ALTOS-FORNOS AINDA ESTÃO PARALISADOS
O parque produtor do País é composto por 32 usinas, sendo 15 integradas e 17 mini-mills, administradas por 12 grupos. Deste total, nove estão localizadas em Minas Gerais, Estado que concentra o maior número.
A maior parte do aço produzido é destinada à indústria da construção civil, 37,6%, setor automotivo, 24,1%, e bens de capital 20,5%, juntos, os três setores consomem 82,2% da produção nacional.
Com a retomada da demanda, dos 13 fornos que estavam desligados em abril, somente seis seguem parados.
“Neste momento temos todas as sinterizações funcionado. São seis altos-fornos parados, sendo que a Usiminas tem um alto-forno em manutenção, dois parados há cinco anos em Cubatão, dois menores a carvão da Aços Verdes e um da Vallourec. Todas as aciarias e laminações também funcionando”, disse o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.
Com a retomada, a estimativa é que em alguns meses o abastecimento do mercado esteja mais equilibrado com a demanda. Hoje, a oferta está aquém do volume demandado o que tem encarecido os preços e feito com que muitos setores – como o da construção civil – reclamem do aumento dos custos.
Alta esperada – De acordo com o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec), Carlos Da Costa, a alta dos preços já era esperada devido à forte recuperação vista na economia, classificada como em V maiúsculo por ele.
“A retomada foi muito rápida. Com isso, os estoques que foram reduzidos em função das incertezas precisam ser recompostos desde o varejo, no atacado, passando pelos distribuidores e pela indústria, o que demandará um certo tempo. Até os estoques se preencherem novamente, infelizmente, teremos escassez de alguns produtos e preços mais altos, principalmente na ponta”.
O vice-presidente da Gerdau Aços Brasil, Argentina e Uruguai, Marcos Eduardo Faraco, explicou que a demanda na companhia também está maior. “Estamos vendo uma retomada do crescimento, a recuperação do atraso provocado pela parada em meio à pandemia e a reposição de estoques. Normalmente, temos um estoque médio para 25 a 30 dias. Em julho, este estoque baixou para sete dias. Agora está na ordem de 15. Entre outubro e novembro, retomaremos a média de 25 a 30 dias. E estaremos vivendo a recuperação”, disse.